Durante uma sessão na Câmara Municipal de Boqueirão, nesta quinta-feira (20) uma mãe usou a tribuna para desabafar sobre a falta de preparação da equipe de educação do município no atendimento a crianças autistas. O relato emocionado foi transmitido ao vivo e chamou a atenção para as dificuldades enfrentadas por alunos com necessidades especiais na rede municipal de ensino.
“Boqueirão não está preparada para a inclusão”
A mãe, que tem um filho autista de quatro anos, relatou que, apesar da legislação garantir o direito à educação inclusiva, a realidade encontrada na escola municipal onde ele foi matriculado é preocupante.
“Vocês, senhores vereadores, conhecem a inclusão no papel, mas ela não está funcionando cem por cento para quem precisa. Pela lei, meu filho tem que ser inserido no ambiente escolar, e eu esperei o laudo dele chegar para fazer a matrícula na rede municipal na Escola Manoel Araújo Costa (Escola da Vila). Mas, quando cheguei à escola na segunda-feira (17), vi que a professora estava sozinha com outras crianças autistas na mesma sala, sem um auxiliar ou cuidador, algo que é um direito garantido por lei”, desabafou.
A mãe também questionou por que algumas crianças possuem cuidadores e seu filho ainda não recebeu o suporte necessário. “Entreguei o laudo junto com a matrícula e conversei com os professores e o diretor sobre a situação dele. No dia seguinte, levei meu filho novamente à escola, mas ele chorou muito e teve dificuldade para se adaptar. A professora sugeriu que eu esperasse no corredor para ver se ele se acalmava, mas a sala de aula não tem nada de atrativo para uma criança autista. Eles precisam de mais apoio e acolhimento.”
Além da ausência de cuidadores, a mãe denunciou a falta de adaptações nas escolas para atender crianças com Transtorno do Espectro Autista. “A Secretaria de Educação sabe que essas crianças precisam de um ambiente adaptado para elas, e não o contrário. Como uma criança de quatro anos, que vive dentro de casa e tem dificuldades para sair, vai conseguir passar quatro horas trancada dentro de uma escola sem pátio, sem parque e sem nenhum atrativo?” questionou.
O desabafo da mãe levanta um alerta para gestores, secretários, professores e profissionais da área da educação. A questão central que fica é: onde está a falha nesse caso? É responsabilidade da Secretaria de Educação, que já tinha conhecimento da situação? Ou do prefeito, que ainda não garantiu as adaptações necessárias nas escolas municipais?
O caso reacende a discussão sobre a importância da inclusão escolar e do cumprimento das leis que garantem o direito à educação de qualidade para todas as crianças, independentemente de suas condições.
De Olho no Cariri