
“Antes a gente plantava só um canteiro. Depois da cisterna, nossa vida mudou, a gente planta de tudo”. Fátima Fernandes de Barros mora na zona rural de Massaranduba, no Agreste da Paraíba, desde que nasceu, mas somente a partir de 2003 passou a ter água suficiente para beber e plantar o ano todo. Foi a partir dos projetos de cisternas da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) que Fátima e mais de 350 mil pessoas na Paraíba saíram do risco hídrico.
A premiação foi para a política pública Programa Cisternas, construída entre a sociedade civil, representada pela ASA, e o governo brasileiro. A ASA é parte deste prêmio porque, como sociedade civil, construiu e implementa essa política pública através dos seus programas, o 1 Milhão de Cisternas (P1MC) e Uma Terra e Duas Águas (P1+2). O programa de cisternas foi reconhecido pelo prêmio Política para o Futuro (Future Policy Award) como segunda melhor iniciativa do mundo para se combater a desertificação do solo e suas graves consequências sociais.
De acordo com Glória Batista, da ASA Paraíba e da Coordenação Nacional da ASA, a iniciativa tem ajudado a região do semiárido paraibano, em especial a microrregião do Seridó, a mais afetada pela desertificação segundo estudos. Ela contou que a iniciativa permitiu que as pessoas vivessem com água em regiões que não chove há cinco anos.
Segundo dados repassados pela ASA, foram construídas ao longo do funcionamento dos programas P1MC e P1+2 mais de 77,9 mil cisternas de água para consumo humano e 9,5 mil cisternas de água de produção, destinada para consumo animal e produção agrícola. As cisternas construídas com insumos do governo federal beneficiam 350.618 paraibanos, ainda conforme dados da ASA.
A história da vida da agricultora Fátima Fernandes de Barros é a síntese do programa de cisternas da ASA, como exemplificou a coordenadora da iniciativa. “Vivemos uma estiagem, talvez a pior dos últimos 80 anos, mas com as cisternas, as pessoas não se veem obrigadas a deixar o lugar onde nasceram”, decretou Glória Batista.