Jovem paraibana cata latinhas para pagar tratamento da mãe: ‘única forma que eu achei’

Com apenas 18 anos de idade, Gabriela Paola Santos Cunha não vive uma realidade fácil. Mas as dificuldades não a impedem de sonhar alto. A garota, que mora em Picuí, no Seridó da Paraíba, cata latinhas para sustentar o sonho de se tornar empresária e pagar um tratamento para a doença da mãe.

A mãe de Gabriela, Edneide Cristine Dantas Santos, de 56 anos, é auxiliar de enfermagem e foi diagnosticada com colite crônica. A doença intestinal impede que o organismo dela absorva os nutrientes dos alimentos que come. Ela chegou a pesar 36 kg.

Edneide está afastada do emprego por causa da doença. Ela recebe um benefício pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas o dinheiro só é suficiente para bancar as despesas básicas da casa e comprar parte dos remédios que precisa tomar. O tratamento nunca foi feito integralmente.

Desde que soube da doença, Gabriela tenta ajudar nas despesas da casa. Catar latinhas não foi a primeira opção da garota, que é filha única de pais divorciados. Ela procurou emprego em muitos estabelecimentos da cidade. Mas, sem perspectiva de contratação, viu que trabalhar com a reciclagem seria a única alternativa.

Há cerca de um ano, uma empresa de reciclagem foi aberta no município em que ela mora.

“Estavam pegando papelão, garrafa descartável e latinha. Eu vi que o que daria uma renda melhorzinha seria a latinha”, explicou Gabi.

A jovem coleta o material em bares, espetinhos e festas privadas. Na maioria das vezes, ela trabalha à noite, mas não reclama. O faturamento dela é de, no máximo, R$ 120 por mês.

Gabi, como gosta de ser chamada, também não reclama do preconceito, mesmo sendo magoada por quem discrimina o trabalho que ela desempenha com a reciclagem.

“Tinha mais no começo. Um dia fui pra uma vaquejada com amigos e peguei uma sacola. Um menino olhou e perguntou se eu tava morrendo de fome. Eu olhei e fiquei calada, fui catar o resto das latinhas. Fiquei chateada. Não fazia porque eu tava morrendo de fome, mas eu precisava ajudar em casa”, desabafou.

A dedicação de Gabriela é conhecida pela região. Comerciantes e pessoas que fazem festas em casa costumam reservar o material de entregar nas mãos dela. Alguns deixam até na casa onde ela mora.

As intenções de Gabriela reforçam que há um amor tão forte quanto o de uma mãe para um filho: o de um filho para a mãe.

G1 PB

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