A cidade de São José dos Cordeiros, localizada na região do Cariri, a 276 km da capital, João Pessoa, sedia a partir desta sexta-feira (25), o 7º Seminário de Integração da Cadeia Produtiva da Apicultura e Meliponicultura do Cariri Ocidental Paraibano.
Durante dois dias, apicultores de todas as regiões do estado estarão participando de cursos, palestras, capacitação, conhecendo novas tecnologias de manejo e beneficiamento de produtos derivados da atividade, que vão além do mel, a exemplo do Pólen, a Própolis e a Apitoxina (veneno da abelha), que vem ganhando espaço na indústria farmacêutica e agregando valor a apicultura.
Há séculos explorando tão somente a agricultura de sequeiro, com a plantação de milho e feijão – atividade totalmente dependente das poucas chuvas da região-, a comunidade rural de pouco mais de 4 mil habitantes teve o primeiro contato com a apicultura há cerca de 8 anos, quando foram capacitadas cerca de 50 famílias de agricultores familiares, com o objetivo de agregar renda às famílias que tinham como única fonte de renda a caprinovinocultura e os programas sociais do governo.
Mesmo sendo encarada como atividade secundária, a criação de abelhas em Cordeiros se destacou como fonte geradora de inclusão social no meio rural, gerou emprego e renda, melhorou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), formalizou novas parcerias no setor produtivo e ainda fortaleceu a cadeia produtiva da apicultura e meliponicultura.
O apicultor Manoel Bezerra é um dos vários exemplos de sucesso da exploração da atividade na região. Filho e neto de agricultor, aos 57 anos, vividos no Sítio Pedra Lavrada, a 12 km da cidade, sêo Manoel afirma que desde que “se entende por gente”, durante todos esses anos, já plantou esperança e colheu desilusão em décadas de seca. Para ele, a apicultura surgiu como uma fonte alternativa de renda, mesmo em períodos de longa estiagem e pouca água na barragem da pequena propriedade de 40 hectares.
Com 15 colméias espalhadas na propriedade, sêo Manoel conta com a ajuda da esposa e o casal de filhos na exploração da atividade, que mesmo em anos de pouca chuva, já chegou a render R$ 9 mil reais por ano, apesar do preço baixo pago pelos atravessadores que compram o mel a R$ 8,00 o kilo.
Incentivo público é fundamental
Segundo Jefferson Roberto, secretário de agricultura do município, o incentivo das três esferas de governo é fundamental para a sobrevivência da atividade.
Como alternativa para barrar a exploração dos atravessadores, incentivar a produção e garantir renda aos apicultores, a prefeitura de São José dos Cordeiros introduziu o mel no cardápio da merenda escolar e passou a comprar toda a produção do município.
O prefeito Fernando Queiroz, afirmou que desde o lançamento do projeto na cidade, a prefeitura adquiriu as primeiras colméias e todos os equipamentos necessários para início da exploração da atividade, além de custear a participação dos apicultores em congressos e cursos de especialização.
O Governo do Estado, por meio do Projeto Cooperar, em parceria com o Banco Mundial, implantou nos últimos 4 anos, 25 projetos de coleta e extração de mel com um investimento de R$ 2,7 milhões, beneficiando 626 famílias diretamente e através do Procase – Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú Paraibano, a Associação dos Apicultores de São José dos Cordeiros, conseguiu a aprovação de um projeto que irá construir um tanque pedra, para captação das águas da chuva com capacidade de armazenamento de 60 mil litros e irrigação de um pasto apícula, que irá garantir alimento para as abelhas no período de estiagem, além da construção de uma Casa do Mel, para extração e envase da produção, seguindo todos os padrões sanitários exigidos para comercialização.
Segundo Jefferson, além dos incentivos do governo Estadual e Municipal, a CONAB já abriu edital para aquisição, em todo o estado da Paraíba, de 100 toneladas de mel durante o ano de 2016, para inclusão nos programas de aquisição de alimentos dentro da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional.
Veneno vale mais que Ouro 1 grama da Apitoxina já alcançou cinco vezes mais que o mesmo peso em ouro. Para se obter um grama de veneno é preciso extrair toda a carga de 100 mil abelhas
Jefferson Roberto garantiu que um dos destaques principais do 7° Festival do Mel, será o curso sobre manejo do apiário na produção da Apitoxina, o veneno da abelha (Apis sp), que já vem sendo usado na indústria farmacêutica, com uso comprovado como medicamento contra diversos distúrbios e problemas.
O preço de cada grama da Apitoxina já alcançou cinco vezes mais que o mesmo peso em ouro no mercado internacional, hoje cotado em R$ 149,00 o que daria algo em torno de R$ 750,00 o grama do veneno, tornando-a uma fonte de renda adicional ao apicultor, ao invés de ser apenas uma ameaça.
A razão para um preço tão valioso é devido a dificuldade de extrair o veneno e a consequente morte de cada abelha, já que o ferrão é ligado ao abdômen e após a ferroada a abelha morre. Além disso, cada inseto carrega em seu corpo apenas 10 milionésimos de grama. Ou seja, para se obter um grama de veneno bruto seria preciso extrair toda a carga de 100 mil abelhas.
Durante o evento, os apicultores terão possibilidade de conhecer novas tecnologias, a exemplo de um aparelho elétrico que já vem sendo utilizado no sul e sudeste do País, possibilitando a coleta do veneno de até dez colméias simultaneamente com capacidade para extrair cerca de 180 gramas de Apitoxina por mês.
O mais importante dessa nova tecnologia foi que, ao invés de sacrificar os insetos, eles recebem um choque elétrico suficiente apenas para irritá-los e fazer com que eliminem uma carga de veneno sobre uma placa de vidro.
Propriedades da apitoxina
Anti-inflamatória, porque estimula o eixo hipotálamo, a hipófise e as glândulas suprarrenais e induz a produção de corticóides endógenos.
Analgésica, porque libera endorfinas que são analgésicos endógenos.
Antidepressiva, porque estimula a produção de serotonina, dopamina e noradrenalina: neurotransmissores responsáveis por nossa sensação de bem-estar.
Imunomoduladora, porque estimula a formação de células multicelulares, monócitos, macrófagos e linfócitos A e T.
Hipotensora, porque dilata os vasos sanguíneos.
Antitumoral, porque, ainda que não seja o tratamento preferencial, possui um efeito destruidor das membranas celulares tumorais.
Confira abaixo toda a programação do 7º Seminário de Integração da Cadeia Produtiva da Apicultura e Meliponicultura do Cariri Ocidental Paraibano.
SEXTA-FEIRA – 25/09/15
08:00 HS – CREDENCIAMENTO
09:00 HS – SOLENIDADE DE ABERTURA
09:30 HS – EXPERIÊNCIA DE SUCESSO NA APICULTURA
PALESTRANTES: MANOEL BEZERRA (APICULTOR DE SÃO JOSÉ DOS CORDEIROS / AAMESJC
JOSÉ ISMAR VILAR (EMATER/PB)
LEON DENIS BATISTA DO CARMO (EMEPA/PB)
10:30 HS – CONAB/PB – PAA MEL
PALESTRANTE: DR. GUSTAVO GUIMARÊS LIMA
SUPERINTENDENTE REGIONAL DA PARAÍBA
11:30 HS – FEPAM (FEDERAÇÃO PARAIBANA DE APICULTURA E MELIPONICULTURA)
12:00 HS – ALMOÇO
14:00 HS – DIVERSIDADE DOS PRODUTOS APÍCOLAS COM ÊNFASE EM APITÓXINA
PALESTRANTE: JOAZ FERREIRA
16:00 HS – REUNIÃO DA FPAM (FÓRUM PARAIBANO DE APICULTURTA E MELIPONICULTURA)
PAUTA
– EMBALAGENS DE MEL NA PARAÍBA;
– LEI DA MELIPONICULTURA;
-MESA REDONDA: GESTÃO DAS UNIDADES DE BENEFICIAMENTO DE MEL FINANCIADAS COM RECURSOS DO GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA;
VISITAÇÃO NOS STANDS, DEGUSTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS DA CULINÁRIA DO MEL, ARTESANATO, EQUIPAMENTOS APÍCOLAS, ETC.
OBS: TODAS AS PALESTRAS SERÃO NO CLUBE ASA BRANCA.
Atenção: eventualmente, os temas expostos poderão sofrer modificações.
SÁBADO – 26/09/2015
OFICINAS
09:00 AS 12:00 HS
SALA 1 – MELIPONICULTURA
Instrutor: Josenildo Querino Dias (UFPB/SENAR-PB)
SALA 2 – CUSTO DE PRODUÇÃO NA APICULTURA
Instrutor: Adriano Gonçalves Ramos (CONSULTOR/SEBRAE-PB)
SALA 3 – MANEJO DE APIÁRIO NA PRODUÇÃO DE APITÓXINA
Instrutor: Leon Denis Batista do Carmo (EMEPA/SENAR/PB)
SALA 4 – PRODUÇÃO DE PÓLEN E PRÓPOLIS
Instrutor: Joaquim Efigênio Maia Leite (EMEPA/SENAR-PB)
VISITAÇÃO NOS STANDS, DEGUSTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS DA CULINÁRIA DO MEL, ARTESANATO, EQUIPAMENTOS APÍCOLAS, ETC.
OBS: TODAS AS OFICINAS, SERÃO NA ESCOLA MUNICIPAL MANOEL DA SILVA ALMEIDA.
Atenção: eventualmente, os temas expostos poderão sofrer modificações.
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