Secretária de educação orientou suspeito de comandar empresa de fachada sobre merenda, diz MPF

Um diálogo entre os envolvidos na Operação Famintos mostra que a Secretária de Educação da Prefeitura de Campina Grande, Iolanda Barbosa, deu orientações a um homem suspeito de comandar empresas de fachada. Segundo o MPF, ela trata sobre mudanças no cardápio da merenda, mesmo o homem não tendo ligação com a distribuição da alimentação. Ela e o secretário de administração afastado, Paulo Roberto Diniz, também foram flagrados tratando de sobrepreço em licitação, segundo a investigação.

De acordo com a denúncia do MPF, a empresa Delmira Feliciano Gomes ME, na qual a proprietária tem o mesmo nome, venceu várias licitações para fornecimento de merenda escolar, porém, um homem identificado como Frederico de Brito Lira comandava de fato a empresa. A pessoa Delmira Feliciano Gomes nunca existiu. Foram criados documentos fictícios para abertura do negócio, que movimentou R$ 18 milhões de 2013 a 2016.

Ao longo da denúncia, a Procuradora da República Acácia Soares Peixoto Suassuna afirma que Frederico de Brito Lira se utiliza desta empresa para vencer licitações e que interceptações telefônicas e transações bancárias comprovam que ele comanda a empresa.

Conforme o MPF, a secretária tinha total conhecimento de que Frederico de Brito Lira usava a empresa de fachada e demonstrava isso em ligações telefônicas com outros agentes públicos. Como em um contato com o presidente da Comissão Permanente de Licitação da prefeitura de Campina Grande, Hélder Giuseppe Casulo de Araújo.

“Foi identificada ligação entre Iolanda Barbosa de Lira e Hélder Giuseppe Casulo de Araújo, na qual a Secretária demonstra insatisfação em virtude do descumprimento de algum acordo sobre o andamento de licitações e/ou contratos. O teor da referida ligação constitui indício da existência de algum acordo ilícito, haja vista o receio de Iolanda ser responsabilizada por algo, temor externado pela investigada na citada conversa”, diz a procuradora.

Ainda no pedido de prisão, o MPF afirma que “some-se a isto a ligação identificada com o próprio Frederico de Brito Lira, solicitando alteração do cardápio no período junino, o que demonstra sua ciência inequívoca que, apesar de não ser contratado, era o verdadeiro responsável pela execução dos contratos”, prosseguiu.

O advogado da investigada, Guilherme Almeida de Moura, afirmou que os diálogos divulgados não contêm conteúdo que comprometam Iolanda Barbosa. Ele ainda informa que ainda aguarda o recebimento de todo processo para elaborar uma estratégia de defesa.

Com G1 PB

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