O Dia de São José, em 19 de março, tem um significado especial para os agricultores nordestinos, que acreditam que se chover até esta data, o ano terá boas chuvas e, como consequência, uma boa colheita. Meteorologistas afirmam que há uma explicação científica para isso, relacionada ao equinócio de outono no Hemisfério Sul.
Zona de Convergência Intertropical (ZCIT)
Enio Souza, doutor em Meteorologia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de Meteorologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), explica que o principal sistema causador de chuva, responsável pela maior parte das chuvas de fevereiro a maio, no semiárido do Nordeste, é a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
Essa faixa de nebulosidade se desloca do hemisfério norte para o sul a partir do solstício de verão.
“Em dezembro, quando acontece o solstício de verão, a ZCIT costuma estar no hemisfério norte. Nos três primeiros meses do ano, ela migra para o sul e, tipicamente, atinge o norte do Nordeste em fevereiro”, disse o climatologista.
Equinócio de outono
De acordo com o professor, quando a faixa de nebulosidade migra para o sul mais cedo, tende a produzir um período mais longo de chuvas. A data considerada limite para ter uma previsão é o dia 20 de março, equinócio de outono, data em que o sol estará sobre o equador e passará a iluminar, em maior parte, o hemisfério norte.
“Portanto, se a estação chuvosa ainda não tiver iniciado, é provável que nem se instale ou que seja curta. Isso é o indicativo de um ano seco”, concluiu Souza.
A reportagem conversou também com o professor do curso de meteorologia da UFCG José Ivaldo Brito. Ele também confirma a explicação, mas destaca que o dia final para se observar o acumulado de chuvas do ano é 25 de março.
“Na realidade, deve ser observado o acumulado de chuva do início do ano até aproximadamente o dia 25 de março. Isto porque no dia 21 ou 23 de março, dependendo do ano ocorre o equinócio de outono, a radiação passa a ser mais intensa no Hemisfério Norte”.
De Olho no Cariri
Com G1