Pesquisadora da UFPB comenta assédio sexual praticado por José Mayer

“Acontece com todas nós”. A constatação é da professora coordenadora do Grupo de Estudos em Gênero e Mídia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Margarete Almeida, ao comentar o caso de assédio sexual praticado pelo ator José Mayer contra a figurinista Susllem Tonani.

Em entrevista ao Portal MaisPB, ela lembra que a figura de José Mayer remete ao ‘machão brasileiro’, que por muito tempo foi tema de novelas e apontado como sedutor e dominador de mulheres. “Ele usa todo seu poder dentro da estrutura, não só de gênero, por ser o homem, mas também por ser o ator, o galã, ter dinheiro. A figurinista passou por medo, constrangimento, vergonha, até denunciar”, disse.

Para a pesquisadora, ainda é necessário um intenso processo de informação sobre o que caracteriza o assédio e as formas de violência sofridas pelas mulheres. Ela destaca pelo fato de ter sido incutido por muitos anos na mentalidade que o assédio era algo natural, identificar os abusos ainda é difícil para muitas pessoas.

“O assédio acontece na Rede Globo, na emissora de televisão, nas redações, nas salas de aula, no meio de rua”, frisou. Ela ressalta que criminalizar o assédio é o caminho. “Não basta pedir desculpas”, destacou.

Assim como o assédio, o medo de denunciar ainda é constante na vida das mulheres. Alvos de críticas e execração pública muitas preferem se calar diante dos assédios sofridos.

“Sinto que existe uma força muito grande vindo desse novo Feminismo em que as mulheres contam mais umas com as outras e não querem mais ficar caladas”, Margarente Almeida, pesquisadora da UFPB

Margarete Nepomuceno ressalta que a união e apoio entre as mulheres é fundamental para encorajar a denúncia e ressalta o fortalecimento da Sororidade, palavra que designa a aliança entre mulheres, baseada na empatia e companheirismo.

“Tem que ter o apoio e a solidariedade de outras mulheres. É muito importante que as mulheres não julguem as outras, mas que se apoiem, porque isso acontece com todas nós diariamente. Eu não conheço nenhuma mulher que não tenha passado por uma situação de assédio”, afirma.

Entenda o caso

Na última sexta-feira, a figurinista Susllem Tonani relatou a um blog do jornal Folha de S.Paulo que o assédio de Mayer começou com elogios que logo passaram a incluir palavreado impróprio, em comentários de cunho sexual. Ela disse que, durante meses, ficou envergonhada, sem graça.

Até que, em fevereiro, o ator a tocou em partes íntimas com a mão esquerda, sem o consentimento dela. No blog, ela relata que passou a evitá-lo. Mas que, depois disso, num set de gravação, diante de colegas, José Mayer a insultou pelo fato de Susslem não estar falando com ele.

Inicialmente o ator negou o assédio e chegou a afirmar que estavam confundindo a ficção com a realidade. No entanto, em carta divulgada nessa terça-feira (04), o ator admite o assédio e pede desculpas pelo que chamou de erro.

Com MaisPB

Foto: MídiaNinja/Flickr

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