O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta quarta-feira (8), que o presidente Jair Bolsonaro não pode derrubar decisões de estados e municípios sobre isolamento social, quarentena, atividades de ensino, restrições ao comércio e à circulação de pessoas em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
O entendimento do ministro é que estados e municípios podem estabelecer essas medidas como forma de combate ao avanço do novo coronavírus. A decisão de Moraes foi tomada após uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A OAB pediu ao STF que obrigasse o presidente Jair Bolsonaro a respeitar as decisões dos governadores; não interferir no trabalho técnico do Ministério da Saúde; e seguir o protocolo da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Não compete ao Poder Executivo federal afastar, unilateralmente, as decisões dos governos estaduais, distrital e municipais que, no exercício de suas competências constitucionais, adotaram ou venham a adotar, no âmbito de seus respectivos territórios, importantes medidas restritivas como a imposição de distanciamento/isolamento social, quarentena, suspensão de atividades de ensino, restrições de comércio, atividades culturais e à circulação de pessoas, entre outros mecanismos reconhecidamente eficazes para a redução do número de infectados e de óbitos, como demonstram a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) e vários estudos técnicos científicos”, escreveu o ministro na decisão.
Alexandre de Moraes disse ser “fato notório” que há uma “grave divergência de posicionamentos entre autoridades de níveis federativos diversos e, inclusive, entre autoridades federais componentes do mesmo nível de Governo, acarretando insegurança, intranquilidade e justificado receio em toda a sociedade”.
O ministro não mencionou um caso específico, mas, nas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, manifestaram opiniões diferentes sobre o isolamento. Bolsonaro defende a volta à normalidade, enquanto Mandetta assegura que seguirá a ciência.
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